O sono que persiste
O banho frio
O sono que se vai
Todos os pães com todas as vitamina de abacate de todos os cafés da manha
O ônibus sonolento (para aqueles que não tomaram banho)
A barca e seu rebanho diário que olha para baixo
A baía plácida refletindo o céu
Os pescadores em seus barcos-mosca a esperar, pacientemente
A barca como cama
Ela, que cruza com outra barca sem nem ao menos olhá-la nos olhos
A mesma que chega e esvazia-se, apresadamente
Todos os prédios forçando-nos a olhar pra cima e além
Todos os pedestres que olham para os pés e para dentro de seus aparelhos de mp3
Cada vendedor ambulante:
O amendoim com açúcar 3 por 1 real
O salgado + refresco que já foi 1 real
O cara que conserta saltos ao final da rua de paralelepípedos
A drogaria São Paulo (no centro do RIO)
Os bolivianos, todos esses bolivianos
Os mendigos ainda sonolentos, afinal, não tomaram banho
Todos os ternos sociais sem rosto
Todos os salto-altos com menos rosto ainda
Cada entrada de edifício marcando o fim da luz do sol
A espera pelo elevador
A espera dentro do elevador
A espera dentro do escritório:
Pela hora do almoço,
Pela hora de ir e ver tudo denovo